domingo, 10 de março de 2013

SOZINHA(O) OU ACOMPANHADA(O) (LANA NÓBREGA)






“Eu quero a sorte de um amor tranqüilo” – canta a música do Cazuza.

Mas há que se refletir: embora automaticamente pensemos em romance quando escutamos esse “amor tranqüilo”, será que é só na(o) outra(o) que encontraremos esse tipo de amor?

Claro: é maravilhoso ter sorte no amor!
É absolutamente encantador estar ao lado de uma pessoa que te ajuda na tua felicidade, que contribui para o teu sorriso, que encanta os seus dias de uma alegria estimuladora.

Amar é maravilhoso.

Mas aí é que está: amar É para ser maravilhoso!

No amor, o que sentimos é um abraço completo: que nos afaga e ao mesmo tempo nos liberta, que nos dá segurança e ao mesmo tempo é alegria, que nos recebe por completo – com todos os pormenores que nos fazem.

Por isso mesmo é preciso reconhecer o amor.

Algo que um dia foi amor, hoje já pode não ser.
E aí está uma das maiores dificuldades que as pessoas enfrentam: libertar-se de um amor que já não é.

Entenda: amar é verbo múltiplo e circular.
Precisa-se de quem ame e de quem receba esse amor e dê amor de volta.

Amar sozinha(o) é ideologia: é estar-se preso a uma fantasia, a algo que não é.
E “estar-se preso” não faz parte do amor! Estar com uma pessoa não é estar em uma prisão. Pelo contrário.

Amar é algo encantador: algo que te impulsiona para frente, que te faz entender toda a fortaleza e possibilidades que você tem dentro de si, algo que te mostra que você pode sim enfrentar o mundo e vencer!

E não é que aquela fortaleza não estivesse dentro de você antes: mas é que o amor traz lucidez à alma.

No entanto, a fonte de amor, ao contrário do que o que se possa pensar, é sempre a pessoa que ama – e não a pessoa amada.

Por isso é que o amor mais importante de todos – e de onde todos os outros nascem – é o amor próprio.

Por mais piegas que isso possa parecer, por mais “auto-ajuda” que soe, é nesse amor que você encontrará o equilíbrio para reconhecer o que é ou não amor.

Veja: amores acabam.

E não é que eles tenham sido em vão, ou que eles não foram amor de verdade!
É que todo amor só existe o tempo suficiente para transformar os que amam.

Se a transformação cessou, também cessará o amor.
Se não há mais como transformar a pessoa: será o sentimento que irá se transformar em outra coisa.

Isso porque amar é sempre um somar-se. A partir do momento em que o amor se transformou em divisão ou subtração, já não é mais amor.

Perceber o fim desse amor é uma das resoluções mais dolorosas que possam existir.

Isso porque amar é também como encontrar um país que é só seu e da pessoa amada. São só vocês que habitam esse país.

E muitas vezes, quando o amor se quebra, uma das pessoas sai desse “país” sem que a outra esteja pronta para sair também.

E lá se fica, sozinha(o), em um país abandonado e deserto.
Onde todas as lembranças boas são agora martírio do que já não se tem.

É nessa hora que se precisa iniciar uma busca interna do amor original: o amor por você mesma(o). É esse amor que lhe dará forças para deixar esse “país” abandonado e voltar ao seu canto, ao seu equilíbrio, às possibilidades e sorrisos que ainda são seus.

Há também a ilusão de um amor: essa é perigosa e solitária: pois é um amor que não é e que a pessoa teima em pensar que é.

Veja: amor é terra frutífera.
Basta lançar semente e ele se desenvolverá.
A pessoa que está destinada a receber seu amor o receberá com felicidade e saberá lhe amar de volta.

Não vale se só você emana amor. Não vale se todas as tuas investidas terminam em frustração e dor. Não é assim que o amor funciona.

Sei que às vezes a dor é justamente imaginar que você não terá um amor.

Mas lembre-se: amar é verbo múltiplo e circular.
E porque nasce em você: amar é casa.
Por ser casa, é necessário que você cultive sua paz.
Amor nenhum nasce do desespero e da sede.

O “amor tranqüilo” nasce justamente do estar-se tranqüilo.

Não busque aquilo que já está destinado a te encontrar.

Ele te encontrará quando for a hora.
Assim como ele te libertará quando for a hora.

Sozinha(o) ou acompanhada(o) o mais importante é que você cultive a sua paz, o seu amar-se, o seu entender que se tudo parte de você, é você quem tem que ser o ponto de equilíbrio. É você quem precisa amar-se e respeitar-se o suficiente para entender o que (já) não é amor.

Não se permita estar-se presa(o).
A liberdade é necessária para que você possa continuar caminhando.
É na liberdade que o amor floresce (inclusive o seu amor por si).

E lembre-se:
“Aquilo que você procura, também está te procurando”
“What you seek is seeking you.”
- Rumi

O mais importante é que, sozinha(o) ou acompanhada(o), você saiba reconhecer sua paz.

Ninguém encontra nada no desespero.

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