“O
homem pode abrandar ou aumentar a amargura das suas provas pela maneira que
encara a vida terrestre...”
“... contentar-se com sua posição sem invejar
a dos outros, de atenuar a impressão moral dos reveses e das decepções que
experimenta; ele haure nisso uma calma e uma resignação...”
Aceitar nossa realidade tal qual é representa
um ato benéfico em nossa vida. Aceitação traz paz e lucidez mental, o que nos
permite visualizar o ponto principal da partida e realizar satisfatoriamente
nossa transformação interior.
Só conseguimos modificar aquilo que admitimos
e que vemos claramente em nós mesmos, isto é, se nos imaginarmos outra pessoa,
vivendo em outro ambiente, não teremos um bom contato com o presente e, consequentemente,
não depararemos com a realidade.
A propósito, muitos de nós fantasiamos o que
poderíamos ser, não convivendo, porém, com nossa pessoa real. Desgastamos dessa
forma uma enorme energia, por carregarmos constantemente uma série de máscaras
como se fossem utilitários permanentes.
A atitude de aceitação é quase sempre
característica dos adultos serenos, firmes e equilibrados, à qual se soma o
estímulo que possuem de senso de justiça, pois enxergam a vida através do
prisma da eternidade. Esses indivíduos retêm um considerável coeficiente
evolutivo do qual se deduz que já possuem um potencial de aceitação, porquanto
aprenderam a respeitar os mecanismos da vida, acumulando pacificamente as
experiências necessárias a seu amadurecimento e desenvolvimento espiritual.
Quando não enfrentamos os fatos existenciais
com plena aceitação, criamos quase sempre uma estrutura mental de defesa. Somos
levados a reagir com atitudes de negação, que são em verdade molas que abrandam
os golpes contra nossa alma. São considerados fenômeno psicológico de reação
natural e instintiva às dores, conflitos, mudanças, perdas e deserções e que,
por algum tempo, nos alivia dos abalos da vida, até que possamos reunir mais
forças, para enfrentá-los e aceitá-los verdadeiramente no futuro.
Não negamos por ser turrões ou teimosos, como
pensam alguns; não estamos nem mesmo mentindo a nós próprios. Aliás, negar não
é mentir, mas não se permitir tomar consciência‖ da realidade.
Talvez esse mecanismo de defesa nos sirva
durante algum tempo; depois passa a nos impedir o crescimento e a nos danificar
profundamente os anseios de elevação e progresso.
Auto-aceitação é aceitar o que somos e como
somos. Não a confundamos como uma rendição conformada, e que nada mais importa.
De fato, acontece que, ao aceitar-nos, inicia-se o fim da nossa rivalidade com
nós mesmos. A partir disso, ficamos do lado da nossa realidade em vez de
combatê-la.
Diz o texto: O homem pode abrandar ou
aumentar a amargura das suas provas pela maneira que encara a vida terrestre.
Aceitação é bem uma maneira nova de encarar as circunstâncias da vida, para que
a força do progresso encontre espaços e não mais limites na alma até então
restrita, pois a vida terrestre nada mais é do que o relacionar-se consigo
mesmo e com os outros no contexto social em que se vive.
Aceitar-se é ouvir calmamente as sugestões do
mundo, prestando atenção nos donos da verdade e admitindo o modo de ser dos
outros, mas permanecer respeitando a nós mesmos, sendo o que realmente somos e
fazendo o que achamos adequado para nós próprios.
Em vista disso, concluímos que aceitação não
é adaptar-se a um modo conformista e triste de como tudo vem acontecendo, nem
suportar e permitir qualquer tipo de desrespeito ou abuso à nossa pessoa;
antes, é ter a habilidade necessária para admitir realidades, avaliar
acontecimentos e promover mudanças, solucionando assim os conflitos
existenciais. E sempre caminhar com autonomia para poder atingir os objetivos
pretendidos.
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